quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Com um Abraço, com um Beijo....


A criança que ri na rua,
A música que vem no acaso,
A tela absurda, a estátua nua,
A bondade que não tem prazo -

Tudo isso excede este rigor
Que o raciocínio dá a tudo,
E tem qualquer coisa de amor,
Ainda que o amor seja mudo.

(Fernando Pessoa)



Um Feliz 2011 !

Saúde, Paz, Amor e Esperança

domingo, 12 de dezembro de 2010

Sexta-Feira...

Travessia Cacilhas-Cais do Sodré.
Próxima partida às 20.30h.

Ele é alto, rosto de ossos salientes, pele muito branca e cabelo muito preto.
Tem sobretudo negro, comprido, grande demais para um corpo que adivinho magro.
Os sapatos pretos e empoeirados.

Sexta-feira, nós sentados frente a frente.
Eu no banco de cá, ele no banco de lá.
… a meio do Tejo, olho-o.
Nem um músculo do rosto se move, pouco os olhos pestanejam.
E escorrem-lhe lágrimas grossas.
Não as apara, correm, correm, correm... sem margem.

Sexta-feira, não passei para o banco de lá, não fui capaz.

Este banco de cá…

Nem lhe sei o nome.
Ele é um, entre mil.

domingo, 28 de novembro de 2010

? ? ? ?

Os Mimados

Um teimoso é naturalmente um mimado?
Um mimado é quase sempre um teimoso?

Um mimado é também um egoísta?


O Mimo

O mimo é não mais que um faz de conta?


E os Outros

Porque são os pouco mimados ácidos e desconfiados?
Porque os pouco mimados, não distinguem mimo de pieguice?


(Estes dois, mimam-se...)

domingo, 14 de novembro de 2010

Sobrou um… Mon Chérie

(carta ao Serôdio)

Serôdio, querido

Atendendo à minha intrínseca incapacidade de conquista de um relacionamento amoroso que me complemente… Quero um gato!


Terei uns olhos à minha espera.
Sentirei o toque de um embrulharem-se-me nas pernas.

Pular do chão para a cadeira. Pular para a mesa. Pular para o colo.
Pular!
Pular porque se está feliz.

Escutarei sussurros e passos que vêm para mim.
Farei cumplicidades nos silêncios.


Serôdio, querido

Assim como assim, a tua marca em mim é profunda. Inalienável.
O gato, tal como tu, não tem projectos nem sonha...

P.S.

Serôdio, querido
Escolhi uma raça híbrida – Ragdoll



("Soledad", para ouvir ... )

domingo, 7 de novembro de 2010

Madeira tosca....

Diz ela, para a outra ela:

Pergunta-me do que necessito.
Respondo-te:
Nada!
Tenho tudo, até sobras. Sou saudável e intelectualmente capaz.
Pergunta-me que projectos tenho.
Respondo-te:
Fabrico desejos!

Diz a outra ela, para ela:

Descobri-te!
És o teu desenho.
… com rectas, curvas, cores.

Sabes sair dessa folha de papel?


[Monólogo de Maria
Ora sentada ora em pé na sala vazia
HGO - Almada
3 de Novembro, 03.15h]

sábado, 30 de outubro de 2010

Assim, tão simples...

.
Quem és tu para me julgar, lambisgóia?

Porventura, sabes que tropecei numa pedra e cai num ribeiro com remoinhos, enquanto tu andavas às violetas?
Bebi tinta da china, enquanto tu tinhas braços às voltas nos teus lindos ombros?

Hoje, apanhei um pombo de asa quebrada.
Enfiei-o entre a camisola e o peito.

Comi gomas no Chinês. E comprei um pacote de leite.
O tempo adoeceu-me.

Lambisgóia, tu não sabes nada de mim!!


[Mais ou menos um monólogo de:
Emília Guerreiro, uma sem abrigo
Praça da Ribeira, Lisboa
Sexta-feira, 29/10/2010, pela noite dentro…]

(imagem da net)

domingo, 10 de outubro de 2010

Transpiração…

2.47h da madrugada.
Gotas do suor a correr.
Cheiro que cheira-me.
Pernas em quatro ou em oito. Ou será em dezasseis ou vinte e um...
Recosto voluptuoso é a aduela da porta (da cozinha) .

- Fritos são, 102 croquetes.
- Descascados 8 kg de batatas miudinhas.
- Pelados 2,275 kg de tomate.
- Casca tirada a 4 réstias de cebolas.
- Esborrachados 24 alhos roxos.
- Batidos 35 ovos.
.
.
.
15 Sopas de grão com massinha pevide
.
.
.
12 Refogados puxadinhos
.
.

Trivialidades, pois sim.


Assobiando ……… Assobiando ………………………………..


Concluindo:
Quando não há inspiração, resta a transpiração.
Acima o texto(?) escrito, resulta do que mais não é que faltar-me verve.
Aquela fase de eclipse, do niente, do “nã sai nada”… por mais que chocalhe, torça ou dê palminha na base, como no frasco do ketchup.

.... Ainda “dá” mais umas linhas (transpirando....)


Re-..... Assobiando de mãos nos bolsos ………………………


- Emocionar com as flores miudinhas amarelas;
- Saudades de berlindes e abafas;
- Devaneio da gula pelas queijadas de Sintra;
- Uns dois ou três, dos cinco sentidos vão para cacos;
- Gostar de pormenores tanto quanto de pessoas fora de época;


(Isto está bonito, tá!!!...)

Uma boa semana

domingo, 26 de setembro de 2010

Básicamente.... encaixes!

Quando haviam reparações, pinturas, benfeitorias em casa… lá andava eu “coladinha” ao pai.
Desde pequena que mexo em chaves de parafusos, serrotes, alicates, berbequim, pregos, lixas, etc.
Rolos, pincéis, tintas de água e sintéticas, diluentes - tudo passou pelas minhas mãos.

No entanto, algures num recôndito canto (meus amigos, não sei onde se situa o dito, portanto, não dá para ir lá e escovar o possível “lixo”) habita uma bandeirinha que diz assim:
“Homem é naturalmente dotado para o lado estratégico da vida.
Tem espada ---> Vai à guerra/ Ganha a guerra.
Tal como:
Tem ferramenta ---> Não há o objecto/ Faz o objecto.

Preciso de uma estante com quatro prateleiras.

Ora… não há homem.

Há o eu … decidida a bricolage e ferramenta.
Há o Ikea… sueco deslavado, em pedaços e encaixotado.

E eis:

“Ai que prazer
Ter sido eu a fazer,
Ter um livro para ler
E colocá-lo com prazer
Numa das prateleiras,
aparafusadas bem ou mal.
Esta, a minha edição original.
E vem até uma brisa que cheira,
A uma quase não dor de domingo
Sem a pressa da nostalgia traiçoeira...
..."

Adaptei-me ao poema do Fernando Pessoa.

domingo, 19 de setembro de 2010

Na época do não bem-bom....

Rioblinda está no centro do círculo, com um foco de luz.

Move o braço direito e desabam mentiras e tretas.
Eleva o braço esquerdo e apanha chuva miudinha, molha muito, de egoísmos e perfídias.
Põe-se em bicos de pés e tropeça nas rasteiras.

Caem-lhe agulhas de ponta fina por todos os lados.

Ó tonta Rioblinda que não sabes lidar com estas luzes da ribalta!
Enrosca-te, meditativa, sossegadinha.... e depois de fininho, ou num rompante, some-te do centro desse círculo.

(Imagem da Net)

E ................................ há por aí Rioblindas?

domingo, 5 de setembro de 2010

A porta para Jumandu

Era a porta, a única porta que me levava a Jumandu.
Ao princípio fechada, depois ganhei-lhe a chave.
Mais tarde, a fechadura quebrada…

E no começo ir a Jumandu era clandestino, era o“salto”. Fui a Jumandu!
As idas de ocasião a Jumandu.
O coração num baque. O até imaginar que sentia a alma.

Depois, na minha mão a chave da porta… abre-se quando se pode e fecha-se quando se quer.
Jumandu, já não tem o mesmo Sol da manhã nem a mesma caruma do mato.
Mas alimenta todos os meus sonhos.

Chave gira, chave roda para a direita para a esquerda e não tranca e não destranca.
Fechadura frouxa na porta para Jumandu.
É o entra e sai ….
Jumandu rotina, ora amarela, ora cinza, não azul.
Abro e fecho ao olhos, tapo e destapo os ouvidos... brota fio de água salgada.

Saio a correr de Jumandu. E volto a correr para Jumandu.

Hoje, acordei muito cedo.
Desmanchei a porta para Jumandu.
Não vou mais a Jumandu.

(Imagem da Net)

domingo, 22 de agosto de 2010

Remexendo....

Rasga e deita fora.
Esvazia.
.... estou, a criar espaço para o Ser.

Entre tantos papéis, um cartão impresso.
Vai ficar aqui, pregado com um alfinete na cortina, até que....

“Si pudiera vivir nuevamente mi vida.
En la próxima trataría de cometer más errores.
No intentaría ser tan perfecto, me relajaría más.
Sería más tonto de lo que he sido, de hecho tomaría muy pocas cosas con seriedad.
Sería menos higiénico.
Correría más riesgos, haría más viajes, contemplaría más entardeceres, subiría más montañas, nadaría más ríos.
Iría a más lugares adonde nunca he ido, comeríamás helados y menos habas, tendría más problemas reales y menos imaginarios.
Yo fuí una de esas personas que vivió sensata y prolíficamente cada minuto de su vida; claro que tuve momentos de alegría.
Pero si pudiera volver atrás trataría de tener solamente buenos momentos. Por si no lo saben, de eso está hecha la vida, sólo de momentos; no te pierdas el ahora.
Yo era uno de esos que nunca iban a ninguna parte sin un termómetro, una bolsa de agua caliente, un paraguas y un paracaídas; si pudiera volver a vivir, viajaría más liviano.
Si pudiera volver a vivir comenzaría a andar descalzo a principios de la primavera y seguiría así hasta concluir el otoño.
Daría más vueltas en calesita, contemplaría más amaneceres y jugaría con más niños, si tuviera otra vez la vida por delante.
Pero ya ven, tengo 85 años y sé que me estoy muriendo.”
(Jorge Luis Borges)

domingo, 1 de agosto de 2010

Trincando, fatias de melancia….

Aqui há mar bravo.
Ondas com espuma e sal.
Há os campos férteis das cenouras, das batatas pequenas e bem redondas, das cebolinhas.
Das árvores de fruto com peras, com ameixas, com maçãs “riscadinhas”.
Do chão de terra pejado de melancias verdes escuro… tão doces quanto o vermelho.


Há bichos.
Os do campo.
Os da mata.
Há girassóis.
Barulhos que nascem só da noite.
Pássaros… piu, piu, piu… de manhã.


Não há o vaivém dos passos, das rodas.
Não há gente... há um ou outro, além.


Desligada, provavelmente nada acrescentando à minha genuína ignorância.
Dez dias só eu e as lembranças.


E água fresca com café e rodelas de limão.


(Imagem da net)

domingo, 18 de julho de 2010

Amanhã, inauguração da época balnear…. Nadar…. Nadar… Nadar...


No blogue Crónicas do Rochedo, o Carlos lançou um passatempo com a reprodução de postais de férias – aqueles postais do correio que aqui à uns anos eram habitualmente usados para com duas ou três frases e uma imagem característica, contactar os familiares e amigos – achei a ideia muito interessante.
E aqui estou a participar no desafio.


Este é um postal que entre outros, viajou numas férias até ao Rio de Janeiro.

Foi levado na bagagem do meu pai e de uns primos, numa ida ao Brasil para conhecerem familiares originários daquele país.
Serviu para mostrar como era a cidade onde a família portuguesa vivia – o Porto.
Este postal, sabe-se lá porquê, veio de volta e foi guardado por um tio meu.
Agora eu a fiel depositária….. das memórias....

domingo, 11 de julho de 2010

Uma caipirinha fresquinha por uma palhinha.... com verdades à sombra de frondosas petas.

Olhou os pés.
Nas unhas o verniz vermelho vivo estava estratificado ou antes estava um vermelho vivo desleixado.
Desfez e refez o verniz, em vermelho fogo, rouge passion.

No espelho… o cabelo, ponta maior a tocar os ombros, as repas na testa.
A tesoura afiada do “Magica’s Cabeleireiros” reduz as melenas ao tamanho de alfinetes.

Maria d’Abreu Ferrão, fez cinquenta anos.
Vai dar a volta final, o meio giro que falta em torno do próprio eixo.
Diz que esta é a volta da revolta do sabão, do tudo limpinho.

Conhece-se mal. Sabe de si, pouco.
Esteve à beira de ter aquilo que dizem ser “tudo”.
Interiormente vive num degrau acima ou num degrau abaixo.
Adoptou que a completude de uma vida passa sempre pelo binómio homem/mulher.
Crê firmemente que é força de carácter o que é teimosia e considera modéstia o que não são mais que fraquezas… e há as ocasiões em que lhes troca a ordem.

O Nokia dá aquele dingue dingue característico da chegada de sms.
Maria d’Abreu Ferrão lê:
“És a mulher da minha vida. Amo-te muito.António Joaquim”

Aquilo é como dar milho aos pombos, calçar tamancas, zunido da quebra de pau de giz durante a escrita.
Azucrina-se, entrega-se ao desvario…

Decidida! Certinho e direitinho que o foco da sua atenção vai incidir sobre militar na reserva; profissional de saúde não realizado; advogado amante de causas perdidas; reformado com olhos de ver por dentro e coração de tic-toc-tic-toc;
e um canalizador;
a torneira da cozinha não pára de pingar.
(anseia uma noite de silêncio descompassado)

E uma semana passou.
Rastreando com (um) foco... Ai, só o gotejar se mantém!

E o Nokia dá aquele dingue dingue característico da chegada de sms.
Maria d’Abreu Ferrão lê:
“És a mulher da minha vida. Amo-te muito. António Joaquim”

Palpita (n)o peito… um calorzito… um tem que não tem… um desajeito mimado…
… moem-lhe as entranhas por um canalizador... é certo...
agora, que o botão do autoclismo, emperrou.
(imagem da net)

domingo, 27 de junho de 2010

Trá-lá-riiiii…. Trá-lá-riiiii….

Até Novembro está a ser apresentado um ciclo de música de câmara no Centro de Arte Manuel de Brito – Palácio dos Anjos em Algés.
Não sendo zona que frequente, nem área da minha residência, tenho assistido com alguma regularidade a estes concertos por convite de pessoa amiga que habita no concelho.
O bilhete de acesso tem um valor máximo de 2 euros e permite também visitar quaisquer das exposições que estejam no Palácio… no momento, Graça Morais está lá!
Cada concerto é apresentado e comentado por Alexandre Delgado que certamente uma ou outra vez ouviram na Antena 2 e tem a particularidade de nos entusiasmar tanto quanto ele próprio o está… e ao vivo gesticula qual italiano a comer bella pasta!

Anteontem foi a vez do canto. Um ciclo de canções.
Ana Ester Neves – Soprano
Luís Rodrigues – Barítono
João Paulo Santos – ao piano
… e uma sala com não mais que setenta pessoas, assim, meio intimista, com os concertistas ali à nossa beira.

Se quiserem algo diferente ao corre-corre do dia a dia …. todas as últimas sextas-feiras de cada mês, apareçam.

E hoje, continuando a missão de “Boletim Informativo” …

Dlim…Dlim…Dlom

No Largo do S. Carlos de 26 de Junho a 26 de Julho.
Tal como no ano passado, espero noites muito bem passadas....

“Festival ao Largo”
Programação

Muita travessia eu vou fazer do Tejo….. ao Tejo....

domingo, 20 de junho de 2010

Quando o coche é uma abóbora….

Neste reino, de si coxo, em que a rainha segura duas coroas, desde que o rei foi levado no remoinho de uma madrugada, ora fria, ora quente.

… quando as fronteiras do reino estão definidas, algumas conquistas seguras e supostamente chega o usufruir de subir à torre de menagem e olhar embevecida o príncipe herdeiro no seu reino além.
… quando a espada é colocada no colo.
… quando a capa do tempo, dá o tempo para a rainha desenhar-se no espelho.

Eis que os ciclos do reino se quebram!
Os relógios anunciam-se a girar ao contrário…..

Revolver-se.
Recomeçar.
Sabe a rainha cozer meias, fazer açorda, lavar chão, cantarolar no corredor do supermercado e ao subir a Avenida da Liberdade….
mas agora, que já não na flor da idade, desejava a banalidade de uma mordomia.

Algum dia lhe vai tocar uma nuvem azul celeste ou uma bola multicor?

terça-feira, 8 de junho de 2010

Historietas….

Tiolobinda, já está enfadada com a rotina da ida à Cinemateca sexta-feira à noite.
Irra…para o encanto dos frequentadores assíduos!
E a juventude com laivos tão particulares que por lá aparece, neste momento perderam-lhe a graça.
E os filmes!
Necessita-se de um intervalo.
Por vezes, Tiolobinda guarda na caixinha as “jóias” para o advir… sabe-o breve.

…………………………………………….

Lindaura Esteves, esteve este fim de semana no CCB.
Esta moçoila criada na ruralidade, adapta-se ao labirinto das exposições e peças de arte.
Silêncios, multicores, preto e branco, non-sense.
… provavelmente, a envolvente dos jardins e do Tejo lhe apazigúem os gostos eclécticos e insatisfeitos….

…………………..

Quatro dias de folga no trabalho profissional de Maria das BemAventuranças.
Fazer obras no convento.
- Benfeitorias; tarefas humildes; curas à alma; expurgos ao corpo; calendarização de ofícios; participação em novenas.
…se proveitosos estes dias, Maria das BemAventuranças, Abadessa e noviça do convento, tomará o nome de Alexandrina BrilhaAinda.

domingo, 30 de maio de 2010

Quando o nariz se junta aos joelhos....


ADIAMENTO

Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjectividade objectiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um eléctrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-me para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...
Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de domingo divertia-me toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
Por hoje, qual é o espectáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é que está bem o espectáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei.
Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã...

O porvir...
Sim, o porvir...
(Álvaro de Campos)


Estava este poema, num papelzinho amachucado... entre uma camisola de lã e um blusão de cabedal preto.
Cheiro a erva-doce....

domingo, 23 de maio de 2010

Ser ou não ser.... também, minha a questão!

D. Maria Gustava, sobe a rua no seu passo lento e pesado.
- O vício da bica das 11h, diz ela.
Hoje, não tem a companhia do marido.
O Eng. Prazeres é presença semana sim… semana não. Semana com ela, semana com a costureira do bairro de Alfama.
Nem enganos, nem ilusões. Contrato aceite pelas três partes.
Na semana sim da D. Maria Gustava, vejo-os de mãos dadas, entre eles um netinho… riem e sobem a rua.
Dias de um amor e bica das 11h…


E assim, a condição de ser feliz é... serenamente aceitar e não questionar.

Simples...
... não fora em mim habitar um mafarrico sussurrante.

Nerina-Arcimboldo

domingo, 16 de maio de 2010

... e o mar com alguma ondulação ....

Eu, sou Eu e a Casca do Meu Ovo.

A casca do meu ovo é a minha casa, a minha família, a gente que faço minha, a gente a que me dou.

Sair do meu ovo sem lhe perder a casca, buscar ser autêntica - é mar de tormentas… Adamastor, à vista!

E por vezes, sinto-lhe o cansaço.

“Um supremíssimo cansaço. Íssimo… íssimo… íssimo…. Cansaço... “

.......................

Tenho-me por “saltimbanco” nestas coisas, não desisto fácil de pinchos e espernear.

Mas preciso de um dia, dois dias, de descanso… para olhar o Tejo.

domingo, 9 de maio de 2010

Esconde… Esconde…. Esconde e Foge!

Matreirinho, danadinho como tudo que é pequenino…. este desafio, que a São me fez.

Quatro questões sobre mim, numeradas de 1 a 4.
Quatro respostas minhas, “hifenadas”… (rs)


1- Dois defeitos meus:
Escolhi, dois dos meus defeitos.

- Sou a minha pior inimiga.

- Fervem-me as emoções. Depois “pelo-me”…


2- Duas qualidades:
Que por vezes, se confundem com defeitos.

- Quando acredito… nunca me digam não vás por aí.

- Adoro cerejas!


3-Música preferida:
Gosto de tantas músicas…………
Por épocas… por estados de espírito… por momentos…

- Hoje… revejo-me nesta:




4- Frase orientadora de vida:

- Respeitar o outro


Ó domingo do meu descontentamento....
... fora eu um zé-pereira, um bombo ou uma concertina…

domingo, 25 de abril de 2010

Pérolas….

Já vos falei de que habitualmentalmente assisto ao ciclo mensal de conferências na FCT, “Matemática e….” .
Ontem, o tema foi “Matemática e Cultura”.
A escolha dos oradores incidiu sobre a obra de Almada Negreiros*.
Ora, uma das fórmulas chave que atravessou o seu percurso artístico multidisciplinar foi a da busca da unidade, que expressava como:
1 + 1 = 1
……tal como no amor, dizia Almada

E, aqui está o busílis – o meu.

Esta forma de ver/estar no AMOR sempre me deixou céptica.
- Porque busca a maioria de nós, como que o Shangri-La em:
Eu e Tu sermos Um
assim, coisa tipo, comida num tacho (mesmo que docinha….):
Misturo o meu Eu com o teu Eu.
Muito bem até não se distinguir grãozinho de um ou de outro
e resulta um,
EUTU…UTEU…ETUU !!!!
- Perco a minha identidade, diluo-me no outro?

Ontem, Almada Negreiros, recuperou-me a fórmula ao meu jeito, assim:
1 + 1 = 1
Decomponho em:
Eu + Tu = Eu
Resultado final:
EU
… sempre o meu Eu. Mas mais pleno, mais reforçado, maior…. tem adicionado o complemento do (teu) Tu.

Excelente, ora não?

(fórmula válida para o teu Eu)

Outras pérolas….
Esta talvez, uma pérola entre o rosa pálido, o azulinho bebé e o amarelinho gema de ovo
“Não leio, nem antes de me deitar, muito menos na cama.
Sabes…. excita-me muito e depois não consigo dormir!”
(ipsis verbis)
…. dizia uma senhora para a amiga, numa das mesa do café da Fnac - Chiado…. eu bebia um sumo de laranja e desfolhava o jornal.

(ando a ficar uma mulher com cada vez menos certezas...)

*abstraindo da personalidade aquém a artística

sábado, 17 de abril de 2010

Estala a bomba e o foguete vai no ar... Arrebenta fica todo queimado

Clarão de explosão! Fogo de artifício a saltar-me dos poros.
É como estou com os "convencidos".
Cercaram-me por todos os lados, esta semana.

Os Convencidos da Vida
Todos os dias os encontro. Evito-os. Às vezes sou obrigado a escutá-los, a dialogar com eles. Já não me confrangem. Contam-me vitórias. Querem vencer, querem, convencidos, convencer.
Vençam lá, à vontade.
Sobretudo, vençam sem me chatear.
.........
Voltaram, pois, e em força.
Convencidos da vida há-os, afinal, por toda a parte, em todos (e por todos) os meios.
Eles estão convictos da sua excelência, da excelência das suas obras e manobras (as obras justificam as manobras), de que podem ser, se ainda não são, os melhores, os mais em vista.
Praticam, uns com os outros, nada de genuinamente indecente: apenas um espelhismo lisonjeador. Além de espectadores, o convencido precisa de irmãos-em-convencimento.
Isolado, através de quem poderia continuar a convencer-se, a propagar-se?
.....
No corre-que-corre, o convencido da vida não é um vaidoso à toa. Ele é o vaidoso que quer extrair da sua vaidade, que nunca é gratuita, todo o rendimento possível.
É tão capaz de aceitar uma condecoração como de rejeitá-la. Depende do que, na circunstância, ele julgar que lhe será mais útil.
Para quem o sabe observar, para quem tem a pachorra de lhe seguir a trajectória, o convencido da vida farta-se de cometer «gaffes».
Não importa: o caminho é em frente e para cima.
A pior das «gaffes», além daquelas, apenas formais, que decorrem da sua ignorância de certos sinais ou etiquetas de casta, de classe, e que o inculcam como um arrivista, um «parvenu», a pior das «gaffes» é o convencido da vida julgar-se mais hábil manobrador do que qualquer outro.
Daí que não seja tão raro como isso ver um convencido da vida fazer plof e descer, liquidado, para as profundas.
Se tiver raça, pôr-se-á, imediatamente, a «refaire surface».
Cá chegado, ei-lo a retomar, metamorfoseado ou não, o seu propósito de se convencer da vida - da sua, claro - para de novo ser, com toda a plenitude, o convencido da vida que, afinal... sempre foi.
(Alexandre O'Neill, in "Uma Coisa em Forma de Assim")

Aos "convencidos", às "mentes brilhantes", aos "santificados", aos"que jamais vergam":
Hoje, não... é sábado.
Amanhã, sem lhes tocar, vou soprar-lhes forte.... over my shoulder.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Antes que chegue domingo.....

Enroscada eu, naquela posição fetal, poisar a minha cabeça no teu colo...
... os teus dedos fazerem remoinhos nos meus cabelos...

quinta-feira, 1 de abril de 2010

... no caminho de casa, um tapete de funcho....

Amêndoas diversas e ovinhos de chocolate.
Folar e pão de ló.
Cabrito assado.
Morte e Ressurreição.

A cada um, desejo o regalo do que vos aprouver.
Encantem-se.
Páscoa Feliz!

Eu, detrás da minha janela, oiço a melodia de sonhos interrogados...
O meu olhar a subir… a subir, para uma nesga de céu!


domingo, 21 de março de 2010

Indo eu, indo eu, a caminho de Viseu...

... Escorreguei, torci um pé... Ai que tanto me doeu!

Silvinha Ruça jamais viajou além de Portugal ou de Espanha. Quando as conversas são sobre a estadia num determinado país, ou se desfolha na mesa do café, uma revista de uma agência de viagens… Silvinha ouve.
Se muito atentas, podemos saber o que Silvinha não conhece, jamais o que Silvinha conhece.

Silvinha Ruça é a minha vizinha do 4º Frt. Conheço-a do sobe e desce do elevador, desde que fomos estrear a “nossa primeira casinha”.
Tivemos os nossos momentos áureos nas cumplicidades de jovens recém-casadas.
Silvinha Ruça planeava tudo… e depois, concretizava tudo…
Ano I – Casamento.
Ano II – Ser Mãe.
Ano III – Habitação própria.
Ano IV – Habitação secundária.
Ano V – Reconstrução de antiga habitação de família.
(a haver reencarnação, Silvinha na vida imediatamente anterior teria andado entre o construtor civil e o agente imobiliário)
Ano VI – Viajar
…com planos perfeitos, ao pormenor, os do Ano VI.
Ano VI em que a vida fez um manguito à Silvinha Ruça!

A seguir ao Ano VI - Viajar, Silvinha compra uma gaiola.
Lustra a gaiola, recolhe-se eremita na gaiola.
Silvinha Ruça fechada na gaiola a sonhar as viagens que não fez.

Ontem de manhã, quando descia no elevador do prédio, olhei o espelho… colado com fita cola um papelzinho que dizia assim:

Peço sugestões para uma estadia de três dias em Paris
Obrigado
Silvinha Ruça


PS – Já toquei por três vezes à campainha do 4º Frt. Ninguém responde. Deixei um papelzinho por debaixo da porta que dizia assim...

domingo, 14 de março de 2010

Meu domingo amargo e doce….

Na minha agenda de capa dura, elástico forte e de cor rosa desbotada, organizo a próxima semana.
A dúvida de dois dias de férias e ir até ao norte...
... a ir, vou de comboio.
Gente, estações, pisam, empurram, conversa troca e joga sem mais, corre, engana na linha, esperar a ligação em Campanhã a bufar, a bufar….
Chegar.
Abrir a porta da varanda, abraçar, respirar o ar do Monte… a Abadia.

Ou os dois dias de férias aqui...
.... a olhar o atrás, o ao lado, o adentro e depois redesenhar os traços do olhar para o à frente.


E caminham os ponteiros do relógio……


Há dois meses viciei-me em chá de limão.
Aprendi-o com a constipação e gostei-o tanto, tanto....
Meia volta, volta e meia. Volta na volta. Sentada. Em pé... à janela. Encostada na bancada da cozinha… eu, e a caneca com o dito.
… e depois deste chá, vou fazer um bolo. Bem doce, extremamente doce…
Assim:

Bolo Espécie

Ingredientes para o bolo:

1 frasco de doce de chila
6 ovos inteiros
250 grs de açúcar
250 grs de amêndoa moída
1 colher de sopa bem cheia de farinha

Pré aquecer o forno a 180º. Untar uma forma sem buraco e forrar com papel vegetal.

Misturam-se todos os ingredientes e batem-se muito bem.

Deita-se o preparado na forma e vai ao forno mais ou menos 40 minutos (testar com um palito)

Deixar arrefecer e desenformar.

Ingredientes para cobertura do bolo:
(Ovos Moles)

3 gemas
9 colheres de açúcar
3 colheres de água

Coloca-se ao lume um tacho com o açúcar e a água. Deixa-se ferver um pouco.
Retira-se lume e espera-se que arrefeça.
Entretanto, batem-se as gemas.
Juntam-se à mistura, logo que esta esteja fria.
Vai novamente ao lume até engrossar.
Verter sobre o bolo


Com umas pérolas grandes prateadas, daquelas de confeitaria...... Enfeitei-o...

E tenho Piazolla a acompanhar-me.


domingo, 7 de março de 2010

Na terra do nunca.... há meninos sem estrelas

Harmoniza-me o preto e o branco.
Alegram-me as cores.
Abranjo a quietude do simples, fico dispersa na euforia da cor.

Gosto de dar colo. É um tempo em que me sinto no colo.
A carícia inocente do colo.
Cheia e sôfrega!

Gosto do grande, gosto até do muito grande.
De peças grandes numa sala; o “um só” que complementam.
Mas, contraditoriamente, sinto os meus passos pequenos… pequeninos.

Há espaços que não sei como olhar, como percorrer.
Não lhe sei o Norte.
Não sei…..

Vou dar um piparote na estrela que não sei acender.
Sempre que desaparece uma estrela forma-se um buraco negro….
Suponho, fica mais espaço no céu.

(imagem da net)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Se eu fosse a Julieta estava à varanda a suspirar…

Romeo... Romeo... Where are You My Romeo?

… como não sou, conto uma historinha....

(imagem da net)


Anos 70.
Ariosca, lisos cabelos oxigenados de loiro, olhos verdes maquilhados em peixe, cintura fina, salto agulha…
… casa com…
Justo Vale, franzino, sem ângulos, cabelo farto, olhos em água, gerente bancário da única dependência da CGD da vila.

De manhã à noite, Ariosca ouve música romântica e sonha com os galãs do cinema.
Justo Vale passeia triunfante Ariosca, no meio social e financeiro.

Ela cresce com os sonhos que alimenta.
Sustenta-os também nas ninharias, bricabraques, babyliss, eye-liner, saias justas, decotes.
Os anos passam e ela crê firmente no balofo.

Ele diminui com as realidades que não enfrenta.
Nos passeios triunfantes perde o sustento.
Os anos passam e ele sem firmeza fina-se de valor.

Ano 2008
Ariosca, sessenta anos, lisos cabelos oxigenados de loiro, olhos verdes maquilhados em peixe, cintura fina, salto agulha…
… casa com…
Aldo Broco, quarentão enxuto, com ângulos, cabelo e pêlo, olhos em vê, trabalhor da construção civil que lhe sussurra ao ouvido... "Gosto mais de você que de brigadeiro".

Ariosca diz-se finalmente Feliz!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Síndrome da Gata Borralheira.....

Espanejando… Espanejando….

Há ciclos na vida que se vão repetindo. Nunca da mesma forma nem com a mesma duração mas sempre com efeitos semelhantes.
Este mês o ciclo é “Se mexes sai asneira” versus “Se não mexes devias ter mexido”, abençoado com a intervenção divina(?) que está determinada em mostrar-me, por um canudo, as metas que tracei.

Espanejando…. Espanejando….
Arejando...

A Teresa do blog “Os meus óculos do mundo" nomeou-me para o desafio de responder a um questionário.
Porque há trivialidades que todos respiramos, quer sejamos azuis ou matizados, quer tenhamos estrelas na testa ou horários dos TST, quer chamemos ao amor uma conchinha ou caixa de cartão canelado.
Porque tenho um fio invisível que me une à Teresa… cá vai:

Questão 1: Tens medo de quê?
Um medo interior atroz do sofrimento. Que me parece cresce da proporção directa em que o resolvo exteriormente.
(complicado, não é?)

Questão 2: Tens algum guilty pleasure?
Coisinhas pontuais talvez… nada de que me culpe

Questão 3: Farias alguma loucura por amor/amizade?
Fiz umas quantas, provavelmente faria outras quantas. Diferentes mas certamente iguais no valor da emoção.

(Pensando friamente sobre a questão… zzzzzzzzzzzzzzzzzz
Será que eu fiz alguma loucura por amor?
… Maria, tu nunca fizeste nenhuma loucura por amor!!!!... )

Questão 4: Qual o teu maior sonho? Responder paz, amor e felicidade é trapacear;)
Perder os medos.
Uns medinhos com umas particularidades especiais que por aqui habitam ….


Questão 5: Nos momentos de tristeza/abatimento, isolas-te ou preferes colo?
Nunca ultrapassaria fases complicadas ou momentos difíceis senão os digerisse perfeitamente isolada.
Colo prefiro…. sempre!


Questão 6: Entre uma pessoa extrovertida e uma introvertida, qual seria a escolha abstracta?
Não escolho pessoas por essa característica do seu comportamento.
Por isso não sei responder, não tenho ponta por onde fazê-lo.


Questão 7: Sentes-te bem na vida, ou há insatisfação além do desejável?
Estou de bem com a Vida. Tudo flui a meu proveito.
Sou insatisfeita.
Sou desinquieta.
Quero mais.
No entanto....

Estou de bem com a Vida. Tudo flui a meu proveito.

Questão 8: Consideras-te mais crítico ou ponderado? Sabendo, contudo, que existem críticas ponderadas.
Julgo ter um apurado sentido de justiça (balelas mas em que acredito mesmo…rs) assim critico ferozmente quando convictamente creio, no entanto, sou assumidamente pelos consensos e de consensos.

Questão 9: Julgas-te impulsivo, de fazer filmes, paciente...? Define-te, de uma forma geral.
Ai…. não me peçam definições ….
Sou emotiva. Tenho é dias de glória em que me controlo, lindamente…


Questão 10: Consegues desejar mal a alguém e, normalmente, concretizar? Sê sincero.
Não me ocupo nem um segundo com quem não me interessa, com quem me faz mal.
Deito fora, simplesmente!!!

Questão 11: Conténs-te publicamente em manifestações de afecto (abraçar, beijar, rir alto...)?
A questão nem passa por conter-me porque por natureza sou discreta.
Seria difícil, p.e. , publicamente eu ser o centro das atenções, podem crer.... :)


Questão 12: Qual o teu lado mais acentuado? Orgulho ou teimosia?
Teimosia, pois ...

Questão 13: Casamentos homossexuais e direito à adopção?
Sobre os casamentos, sejam homo ou hetero, “vejo-os” iguais.
Direito à adopção nos casamentos homossexuais - não tenho informação que me dê o conhecimento que considero necessário (é o formar de uma vida) para ser a favor ou contra.

Questão 14: O que te faz continuar o blogue?
Aquilo que é meu e que tem o meu cheiro, o meu gosto o meu tacto, pedacinhos de mim…..eu não deixo não!

Questão 15: O número de visitas e comentários influencia o teu blogue?
Obviamente, que o retorno é essencial. Testo-me!
Eu não vivo sem os outros. Sou de comunicar, preciso de trocas.
Por norma respondo aos comentários pelo “elo” com cada pessoa que o faz.
Uns caem outros não. Como na vida…

Não tenho sequer contador de visitas, não me parece que o meu interesse passe por aí.
Livres todos, sem "deve/haver"

Vou seguindo, EU.... sem me descaracterizar!

Questão 16: Na tua blogosfera pessoal e ideal, como seria?
Não quero uma blogosfera pessoal nem ideal, muito obrigado!
Posso pedir outra coisa na vez desta? Posso?

Questão 17: Deviam haver encontros de bloguistas? Caso sim, em que moldes? Caso não, porquê?
As pessoas devem estabelecer também laços físicos, com as expressões, os sons, os trejeitos, a alma.
Parecem-me complementares destes e porventura interessantes. No entanto, terão reverso.

E esta “cortina” cibernética que nos envolve também terá os encantos da magia que não se desfaz…. cada um viva-a ao seu jeito.

Questão 18: Sabes brincar contigo e rir com quem brinca contigo? Sem ironias.
Sorrio muito.
Brincar, sorrir é também uma forma de estar na vida.
Rir é sempre partilhado senão é tontaria.
Tenho muita dificuldade em lidar com quem não sabe sorrir.

Questão 19: Quais são os teus maiores defeitos?
Sou a minha pior inimiga, há defeito maior?

Questão 20: Em que aspectos te elogiam e/ou achas ter potencialidades e mesmo orgulho nisso?
Up’s e down’s, só estrago a curva de Gauss …rs

Questão 21: Entre uma televisão, um computador e um telemóvel, o que escolherias?
O computador.

Questão 22: Elogias ou guardas para ti?
Se é para elogiar, elogio.
Não faço elogios gratuitos, não os banalizo.
Se esqueço de elogiar na altura, faço-o mais tarde nem que seja por escrito, duas palavritas.... (os sms estão mesmo ali ao toque de um dedo, sabiam?)

Questão 23: Tens humildade suficiente para te desculpar, sem ser indirectamente?
Aleluia!! Aleluia!!!
Foi das coisas que aprendi e quando tenho de fazer faço com a cabeça erguida e de saltos altos...


Questão 24: Consideras-te, de grosso modo, uma pessoa sensível ou pragmática?
Sou estratificada.
(por algumas nódoas negras...ops por muitas!)

Questão 25: Perdoas com facilidade?
Desculpo com facilidade.
Dificilmente perdoo (não sei como se faz).


Questão 26: Qual o teu maior pesadelo ou o que mais te preocupa?
Dependência

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Abrem-se as janelas e as portadas...

Liga-se o rádio....





Roda a chave na porta....






Au Revoir!

domingo, 7 de fevereiro de 2010

O domínio de um rato

Ela insiste.
Ela afunda.
Ela corre para o charco.
… e chapinha… chapinha… chapinha….

Ele, afável, estende o braço e dá-lhe a mãozinha,
para ela se encher de laminha.

Depois, ela, toda salpicadinha, sai do charco.
Ajeita-se.
Ao quinto dia ele volta e dá-lhe a mãozinha.
Leva-a a passear ao charco, onde ela infeliz, chapinha.....

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

As voltinhas do Marão…

Nestas últimas sextas-feiras ao final da tarde tenho ido à Fundação Portuguesa das Comunicações assistir aos concertos. Cerca de hora e meia de uma boa música.
Não querem ir até lá?

E também mantenho o hábito de:
“Às sextas há Cinemateca!!!”.
Vale o espaço. Vale ou não vale a sessão. Vale o descer aquela escadaria, o bater compassado do salto do meu sapato ou do salto da minha bota, naquela madeira … carambas, gosto!!!

Vi Avatar. Deslumbra os olhos e permite (querendo e de forma suavezinha) reflectir sobre a humanidade.
E para onde vamos? E que vamos fazer ao nosso planeta?

Aqui, na minha banda, na FCT no Monte de Caparica, desde Novembro do ano passado, um ciclo de conferências, que continua por este ano, com o tema “Matemática &”.
Fui a todas!!! :)
Matemática & a política.
Matemática & a música.
e este sábado Matemática & a literatura.
Um sábado em cada mês, às 15horas. A próxima será Matemática & a geografia.
Atravessem o rio. A margem sul também tem uns eventos.


Conclusão:
Quando não se tem nada para fazer, fazem-se colheres.
Quando não se tem nada para dizer, dizem-se trivialidades.
Quando não se tem nada …


domingo, 24 de janeiro de 2010

Dobrar, como o salgueiro, não dói.... *

Sobre José Saramago sempre me manifestei na forma de “afinador de silêncios”.
Pouca a minha empatia pessoal e quanto à sedução pela escrita como que imposta pela qualidade.
Como tudo que não me empolga e que pode até mover meio mundo, enquanto assim, eu “afino silêncios”.

Uma prenda de Natal, Caim
Li, Caim
Rendo-me, perante a obra.

A escrita envolvente, a análise factual, aceitando-se ou não, é sem dúvida, perfeito de contundente, este livro.
O final com Caim a discutir com Deus causas, efeitos, castigos… ad aeternum assim há-de ser, o homem fora do jardim de éden.
Viva a Eva!

Enquanto leio e dos livros que li, sou meia saltimbanco, meia malabarista, estou sempre a fazer pontes e dar saltos entre as leituras e a vida.

Avé Saramago que me fizeste estar mais atenta para que tanto posso ser Caim como Deus.
"Eles" andam por aqui....
São 19.30h e o fim de um dia com trabalho até um palmo acima da minha cabeça. O estado de espírito é de “locomotiva”.
No hipermercado, vou ao balcão da peixaria. Estão duas pessoas. Decido não tirar senha.
Chega a minha vez, digo à empregada - “Vai-me atender, é a minha vez”
…momento em que por obra e graça, sinto um friozinho e plim! viro Caim! (acontece aos mortais).
No canto esquerdo, oiço uma voz – “Não gosto daquela forma arrogante de falar. Daí valha-me a minha senha. Eu primeiro (mesmo sendo eu depois..) !!!
… momento em que uma fulana igualzinha a mim, dá-lhe um plim! e vira Deus!!! (acontece aos mortais)

Olhei-a, humilde, pecadora.
Não me olhou, olhou o parceiro e justificou-lhe o porquê do meu castigo.

Fiquei Caim.
Ela saiu Deus.

Torce… destorce …
Arruma, direitinho!

domingo, 10 de janeiro de 2010

Ao pequeno almoço....

Eleanora, disse:
… sei tão pouco de cinema, podia estar mais atenta e após ver um filme, pesquisar um nome ou um acontecimento relacionado com a história.
… ler os clássicos que me faltam e não andar aqui a saltar entre o que me dá na real gana, que tanto pode ser o policial de ontem, como o de sociologia que estou a ler hoje.
… na pintura, na música clássica, na dança, sei o básico e desde que os meus sentidos sintam “sininhos tilintar”, já me encanto.

Eleanora, suspirou:
… pois, mas falta-me o discurso!

E Eleanora, disse mais:
… O que me fascina ouvir-lhes os saberes... como me atrai o conhecer.
… E não pudera eu, pegar numa ponta única do meu tempo e completar-me, preencher-me com esta sabedoria dos livros, das artes?

Eleanora demorou. E depois disse:
O meu lado de fêmea, a minha sensualidade feminina ocupa espaço, tempo, no meu todo.
Não posso, não quero, não abdico de ser, de ter
… o meu lado curva e contracurva
… o meu maneio
… o meu lado mimoso
… a minha pele
… o meu espelho
... o meu decote
Sob pena de me descaracterizar

Seja EU!!!

Eleanora, pousou a chávena de café com leite, sorriu e disse:
… este meu triliar, vai dar “cocó"!!!