domingo, 23 de outubro de 2011

E a minha campainha tocou...

- Abre a porta, trago marmelos.

Foi assim, que ela se anunciou. Mas quando subiu no elevador e nos olhamos, soltaram as interrogações.
Quem és?
Donde vens?
e tu que fazes aí?
… e os marmelos olhados de soslaio…

Era afinal, uma amiga da prima Magy que habitualmente lhe trás marmelos quando regressa dos meses de Verão passados no Alentejo.

- Entra! Entra! Entra, é um prazer!
Finalmente uma visita. (mesmo que “cruzada”)

Conversamos.
E eu, que fiquei com os marmelos, retribuí com um convite para uma refeição aqui em casa.
Pois… é que nas gentes da aldeia como eu, está nos genes - a felicidade, passa à volta da mesa, pela barriguinha…

Pôr a mesa a preceito, preparar como prato principal uma garoupa assada no forno com umas batatinhas.
(Canudo, aqui não há congro! E chamam-lhe safio!... Ai, sinhores….)
E para sobremesa, não foram os marmelos, não.
Foram uns papos de anjo…
Doce bem doce, para depois brindarmos.

Houve flores e não se olhou o relógio.



Responso ao santinho da devoção:

Serei bimbo (p.e. pão fofo, com prazo de validade, rectangular e sem côdea em alguns casos) mas para mim, refeições feitas por nós e partilhadas em casa, são pedacinhos de céu.



PS – Respondi aos vossos comentários no meu post anterior, estava difícil consegui-lo, o “mando, posso e quero” do blogger estava sempre a fazer negas. Instável o dito, ou tem razões que a minha razão desconhece.






domingo, 9 de outubro de 2011

Queixinhas


Com o pé dentro de casa:

São meus os lençóis mas não a cama onde me deito.
A toalha da mesa foi escolhida e comprada por mim. É minha a loiça e meus os talheres e os copos por onde bebo mas a mesa onde apoio os meus braços não me pertence.
Descanso em sofás e sento-me em cadeiras que não aconchegam o meu repouso.
Toco em móveis e candeeiros que não contam a minha história.


Com o pé fora da casa:

Carros estacionados a eito que me obrigam a ziguezaguear, prédios erguidos que nem muralhas a invadir o meu espaço de conforto, gente que não me olha e corre, corre, corre.
Não há conversas, há monossílabos. 
Aqui é assim.

(…. mas, 500m mais abaixo, a realidade é diferente – as casas são proporcionais às famílias, há quintais-jardins, quintais-hortas, gente que olha, olha, olha mas não fala e… os homens aos domingos erguem os cús sobre os motores dos carros ou pegam na mangueira e lavam-nos muito lavadinhos (aos carros);
as senhoras colhem tomates fresquinhos pela manhã ou umas florinhas, para a mesa do almoço de domingo.
Prima, quilhas-te-me*!!!)

*pregar partida


Agora, ó sejas lá quem és, chega-te aqui à minha beira, que eu vou contar....

Ontem atravessei o Tejo e conheci o CCAmoreiras, isto de andar sozinha em lugares desconhecidos está a ser mais difícil que o primeiro dia de escola.
Aguenta MJ, aguenta!!!
Então não é que me dá para ir ao cinema? Eu pela primeira vez no cinema, sozinha!? Eu!!!
Aquela hora, único filme – Johnny English .
Sala cheia, muitas pipocas, muitas garrafas de refrigerantes, muito barulho.
Conclusão aqui da bimba:
Não me ri quase nada (mas eu gosto do Mr.Bean, um bocadinho e às vezes…), não gostei do ambiente, da barulheira, do levanta-senta. Não preencheu!
Estou fora do contexto, velha ou decididamente esta não é a “minha turma”?

domingo, 2 de outubro de 2011

Nova Gerência

Desci das berças e vim sem valor de trespasse.
“... podes ficar com a casa.... com o carro............... com o blogue...” - disse-me a MagyMay* - e é este o meu único início.

Agora é descobrir o que está à minha volta – pessoas e lugares.
Começar por ajeitar (o espaço) e ajeitar-me (no espaço) onde é tudo novo.

Como me vou sair num recomeço aos cinquenta anos?
Não sei, não.

A prima da MagyMay






* MagyMay, optou pelo voo…. o 427 que não tinha quatro horas de espera no aeroporto de Florença.
E deixou besitos para todos, muitos, muitos.