quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Basicamente fêmea ou fêmea básica!?

Espreguiço-me.
Levanto-me.

Corro a persiana do quarto… Sol!
Corro as persianas de casa… Sol!

Na cozinha, ao primeiro golo de café…
… as refeições, salgadas e doces; o aspirar; o limpar cada canto ao pormenor para ficar aquele cheiro agradável a limpo; o arrumar as gavetas; o organizar os roupeiros; talvez o mudar o lugar dos sofás; na entrada, subtrair-lhe as decorações.

O envidraçado da sala deixa que o céu como que se sobreponha na mesa. Sento-me a comer o pão com manteiga…
… hoje, não é aqui, no ninho, é lá no azul.

Duche, a muitos graus; o champô, a máscara para o cabelo; os vinte minutos de água a correr-me; o hidratante de aroma.
Olho-me, no espelho:
Não às pinturas de guerra.
Apanho o cabelo, com os dois pauzinhos japoneses.

Camisola, ganga, botas.

Na mala… duas maças verdes e ácidas, garrafa de água, pão de sementes, queijo; caderno, lápis e “Corpo Presente” de Anne Enright

Saio a porta da rua.
Duas marrafas de cabelo caem-me sobre os olhos. Tenho uma relação quezilenta com o meu cabelo desde sempre. Volto atrás e enfio uma boina.

Rua…Rua…
Tejo…Belém…verde erva

Sento-me e leio. Faço intervalos constantes para olhar sem ver, para escutar.
Estico-me na relva. Beliscam-me os pensamentos, o passado, os voos, os suponhamos.

Caminho e piso poças de água da chuva… salpico as calças.

Gosto de piqueniques. Gosto também deste piquenique assim, sozinha.
Tenho a extensão de um rio à minha frente.

Rabisco no meu caderno, linhas rectas, curvas, traços grossos, floreados, escrevo ideias, desenho olhos e barcos.

Está a chegar a brisa e a nuvem.
Depois a noite e os pontos de luz.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Eis-me "L"...... narradora/personagem em Love de Toni Morrison



Sábado, almoço num restaurante em Lisboa.
Fico junto à janela decorada com uma série de luzes de Natal em forma de bolinhas brancas.
Um expert olhou-as e disse:
- Luzes de iluminação fria!!!
E eu ali tão perto, testei.
(Sim luzes! Sim acesas! Sim frias!)
Interroguei:
- Como assim?
O expert:
- Se tivermos esta iluminação de Natal em casa e formos cuidadosos, dura uma vida inteira (ipsis verbis)

STOP.

E o almoço, a acontecer...
Prato, garfada, golada... e a iluminação de Natal que “dura uma vida inteira”....
Janela, luzes a piscar, gente lá fora… e os carinhos, os afectos, o AMOR, que os expert não lembram de cuidar para durar nem mais que uma iluminação quente ......

Saio.

Vou à Biblioteca Nacional ver a exposição “ A expulsão dos jesuítas dos domínios Portugueses”.

Saio.

De volta, no cacilheiro.....


quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A bola…

Era grande e com gomos de várias cores.
Eu tinha 4 anos, foi a minha primeira bola e não lembro de ter outra.
Perdeu-se ou finou-se, não sei.
Sei que, redondinha, colorida ou a preto e branco, “a bola” continua comigo… saltita à minha volta

... agarro-a junto ao peito (o aconchego)

... lanço-a ao ar e apanho-a (o caminho)

... atiro-a para bem longe e foge-me (o jogo)

... pontapeio-a (o arre!!!)

... Está debaixo do meu braço direito, quando estou confiante!

... Tenho-a segura no equilíbrio instável da minha mão esquerda….

A minha bola tem sabores e cheiros.
A minha bola tem cristais, trevas, deuses, demónios.

A minha bola é molinha mas também pedra dura.

A minha bola é azul… é vermelha….