domingo, 21 de março de 2010

Indo eu, indo eu, a caminho de Viseu...

... Escorreguei, torci um pé... Ai que tanto me doeu!

Silvinha Ruça jamais viajou além de Portugal ou de Espanha. Quando as conversas são sobre a estadia num determinado país, ou se desfolha na mesa do café, uma revista de uma agência de viagens… Silvinha ouve.
Se muito atentas, podemos saber o que Silvinha não conhece, jamais o que Silvinha conhece.

Silvinha Ruça é a minha vizinha do 4º Frt. Conheço-a do sobe e desce do elevador, desde que fomos estrear a “nossa primeira casinha”.
Tivemos os nossos momentos áureos nas cumplicidades de jovens recém-casadas.
Silvinha Ruça planeava tudo… e depois, concretizava tudo…
Ano I – Casamento.
Ano II – Ser Mãe.
Ano III – Habitação própria.
Ano IV – Habitação secundária.
Ano V – Reconstrução de antiga habitação de família.
(a haver reencarnação, Silvinha na vida imediatamente anterior teria andado entre o construtor civil e o agente imobiliário)
Ano VI – Viajar
…com planos perfeitos, ao pormenor, os do Ano VI.
Ano VI em que a vida fez um manguito à Silvinha Ruça!

A seguir ao Ano VI - Viajar, Silvinha compra uma gaiola.
Lustra a gaiola, recolhe-se eremita na gaiola.
Silvinha Ruça fechada na gaiola a sonhar as viagens que não fez.

Ontem de manhã, quando descia no elevador do prédio, olhei o espelho… colado com fita cola um papelzinho que dizia assim:

Peço sugestões para uma estadia de três dias em Paris
Obrigado
Silvinha Ruça


PS – Já toquei por três vezes à campainha do 4º Frt. Ninguém responde. Deixei um papelzinho por debaixo da porta que dizia assim...

domingo, 14 de março de 2010

Meu domingo amargo e doce….

Na minha agenda de capa dura, elástico forte e de cor rosa desbotada, organizo a próxima semana.
A dúvida de dois dias de férias e ir até ao norte...
... a ir, vou de comboio.
Gente, estações, pisam, empurram, conversa troca e joga sem mais, corre, engana na linha, esperar a ligação em Campanhã a bufar, a bufar….
Chegar.
Abrir a porta da varanda, abraçar, respirar o ar do Monte… a Abadia.

Ou os dois dias de férias aqui...
.... a olhar o atrás, o ao lado, o adentro e depois redesenhar os traços do olhar para o à frente.


E caminham os ponteiros do relógio……


Há dois meses viciei-me em chá de limão.
Aprendi-o com a constipação e gostei-o tanto, tanto....
Meia volta, volta e meia. Volta na volta. Sentada. Em pé... à janela. Encostada na bancada da cozinha… eu, e a caneca com o dito.
… e depois deste chá, vou fazer um bolo. Bem doce, extremamente doce…
Assim:

Bolo Espécie

Ingredientes para o bolo:

1 frasco de doce de chila
6 ovos inteiros
250 grs de açúcar
250 grs de amêndoa moída
1 colher de sopa bem cheia de farinha

Pré aquecer o forno a 180º. Untar uma forma sem buraco e forrar com papel vegetal.

Misturam-se todos os ingredientes e batem-se muito bem.

Deita-se o preparado na forma e vai ao forno mais ou menos 40 minutos (testar com um palito)

Deixar arrefecer e desenformar.

Ingredientes para cobertura do bolo:
(Ovos Moles)

3 gemas
9 colheres de açúcar
3 colheres de água

Coloca-se ao lume um tacho com o açúcar e a água. Deixa-se ferver um pouco.
Retira-se lume e espera-se que arrefeça.
Entretanto, batem-se as gemas.
Juntam-se à mistura, logo que esta esteja fria.
Vai novamente ao lume até engrossar.
Verter sobre o bolo


Com umas pérolas grandes prateadas, daquelas de confeitaria...... Enfeitei-o...

E tenho Piazolla a acompanhar-me.


domingo, 7 de março de 2010

Na terra do nunca.... há meninos sem estrelas

Harmoniza-me o preto e o branco.
Alegram-me as cores.
Abranjo a quietude do simples, fico dispersa na euforia da cor.

Gosto de dar colo. É um tempo em que me sinto no colo.
A carícia inocente do colo.
Cheia e sôfrega!

Gosto do grande, gosto até do muito grande.
De peças grandes numa sala; o “um só” que complementam.
Mas, contraditoriamente, sinto os meus passos pequenos… pequeninos.

Há espaços que não sei como olhar, como percorrer.
Não lhe sei o Norte.
Não sei…..

Vou dar um piparote na estrela que não sei acender.
Sempre que desaparece uma estrela forma-se um buraco negro….
Suponho, fica mais espaço no céu.

(imagem da net)