Nas unhas o verniz vermelho vivo estava estratificado ou antes estava um vermelho vivo desleixado.
Desfez e refez o verniz, em vermelho fogo, rouge passion.
No espelho… o cabelo, ponta maior a tocar os ombros, as repas na testa.
A tesoura afiada do “Magica’s Cabeleireiros” reduz as melenas ao tamanho de alfinetes.
Maria d’Abreu Ferrão, fez cinquenta anos.
Vai dar a volta final, o meio giro que falta em torno do próprio eixo.
Diz que esta é a volta da revolta do sabão, do tudo limpinho.
Conhece-se mal. Sabe de si, pouco.
Esteve à beira de ter aquilo que dizem ser “tudo”.
Interiormente vive num degrau acima ou num degrau abaixo.
Adoptou que a completude de uma vida passa sempre pelo binómio homem/mulher.
Crê firmemente que é força de carácter o que é teimosia e considera modéstia o que não são mais que fraquezas… e há as ocasiões em que lhes troca a ordem.
O Nokia dá aquele dingue dingue característico da chegada de sms.
Maria d’Abreu Ferrão lê:
“És a mulher da minha vida. Amo-te muito.António Joaquim”
Aquilo é como dar milho aos pombos, calçar tamancas, zunido da quebra de pau de giz durante a escrita.
Azucrina-se, entrega-se ao desvario…
Decidida! Certinho e direitinho que o foco da sua atenção vai incidir sobre militar na reserva; profissional de saúde não realizado; advogado amante de causas perdidas; reformado com olhos de ver por dentro e coração de tic-toc-tic-toc;
e um canalizador;
a torneira da cozinha não pára de pingar.
(anseia uma noite de silêncio descompassado)
E uma semana passou.
Rastreando com (um) foco... Ai, só o gotejar se mantém!
E o Nokia dá aquele dingue dingue característico da chegada de sms.
Maria d’Abreu Ferrão lê:
“És a mulher da minha vida. Amo-te muito. António Joaquim”
Palpita (n)o peito… um calorzito… um tem que não tem… um desajeito mimado…
… moem-lhe as entranhas por um canalizador... é certo...
agora, que o botão do autoclismo, emperrou.

(imagem da net)
Ah, lá dizia o outro que o coração tem razões que a razão desconhece...:)))
ResponderEliminarAbracinhos
Na 6ª feira também terminei o dia, antes de enfrentar a fila da ponte, a beber uma caipiroska no chiado.
ResponderEliminarDevia ter cá vindo antes, é que no sábado devia que chamar o técnico para arranjar a máquina. Não me mandou SMS, passou factura... ;)
Boa semana!
Um relato empolgante, que apaixona, cativou-me.
ResponderEliminarTemos que estar sempre preparados para o que vier, a vida é imprevisível, nenhum dia é igual, pode-se passar do desespero ao enlevo.
O comentário de "Há.dias. assim", fez-me rir, pela capacidade de engenho.
Abraços de agradecimento
Os cinquenta são uma espécie de fronteira da qual quanto mais nos aproximamos, menos visivel se torna a paisagem que se segue!
ResponderEliminarUma dificuldade de visão meramente psicológica, por isso são muito bem vindos sms como esses, porque tornam mais claro os horizontes, mas certezas dão na companhia que temos para o futuro!
Um belo relato de um dia que obviamente não é como os outros dias!
Que te direi, zogia, que não saibas já?
ResponderEliminarSó o meu e.mail:
saobanza@gmail.com
rrss
Uma excelente semana.
Será António Joaquim
ResponderEliminaro homem da tua vida?
Mulher, tu faz-lhe uns testes
que as coisas não são assim
tão a jeito e por medida
dá-lhe a provar os croquetes
e fala-lhe de trivialidades.
Se ele abrir os olhos de espanto
diz-lhe umas quantas verdades
vais ver, é remédio santo.
Ah! Maria d´Abreu Ferrão
esse Nokia
não é d´última geração.
Abraços e risos.
Há sempre um dia em que se sai da monotonia...
ResponderEliminarFaz-se luz ou escuridão total, depende muito do imprevisto.:):):)
Abracinho
Delicioso!
ResponderEliminarNuma escala de 20 dou 40.
ResponderEliminarmuito, muito bom.
... numa escala musical
ResponderEliminareu quase de certeza
(e não me fica nada mal)
canto logo a Portuguesa.
Belíssima edição, Magy
ResponderEliminarHá uma corrente de opinião que defende -- Para uma enorme inquietação minha -- que a vida é uma sucessão de momentos.
(Influência excessiva do Pedro Abrunhosa?!)
A vida, somos nós, a nossa construção, com momentos -- É certo -- mas também com planos, partilhas, cumplicidades, contrariedades... Enfim, life going on!
Bjs
Boas férias.
... olhou os pés!!!!! rsrsrsrs
ResponderEliminarpor baixo da mesa????????? tomou-lhe o geito, querem ver?
não fosse a capirinha, será que a contemplação teria gerado o mesmo frenesim?
Amiga Magy!
ResponderEliminarAdorei...
Principalmente a forma como demonstra a vida de um ser comum. O que o mantém vivo e menos soturno, mesmo que sofra dissabores.
That's life, and nobody said that it would be easy!!!
Beijinhos
Ná
Na casa do Rau
Sempre me lembro da minha avó materna nos falar muito sobre a nossa bisavó, sobre a família, sobre a terra - Ponte de Lima.
ResponderEliminarMaria d’Abreu Ferrão é o nome da minha bisavó. António Joaquim de Abreu Lima Pereira Malheiro é o nome do meu bisavó. Das poucas verdades deste post..rs
Mexi no que deveria estar sossegadinho, pelos vistos! Misteriosamente, recebi um comentário vindo como que do éter (mail)e à cause de la mouche, vou colocá-lo aqui que é o lugar dele:
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Introdução:
Cito «O Corpo Reabilitado» da «História da Vida Privada - Vol 5»
«Não há melhor sinal do primado da vida individual do que o culto moderno do corpo.
No início do Sec (XX, é claro) o estatuto do corpo dependia, em larga medida do meio social...»
Gostei desta tua edição pelos comentários que indicarei:
A. A Privacidade (O interior)
1§. Os pés:
Maria d'Abreu Ferrão na dobra da Cinderela, de repente repara que os cuidados dos pés deverão ser retomados;
2§. O espelho:
Maria d'Abreu Ferrão, na dobra de Cleópatra se revê no celebrado objecto no espaço; sentimentos no corpo;
3§ Maria d'Abreu Ferrão, cartesiana;
Penso, logo, existo
B. A Socialização (O Exterior)
4§. Maria d'Abreu Ferrão e os gadgets.
A mensagem versus o mensageiro.
Se for credível, o mensageiro sobreviverá;
Se for inverosímil, «You're a dead man, pá!»;
5§. Maria d'Abreu Ferrão e a disfuncionalidade dos equipamentos domésticos.
É sempre quando menos se espera que a porcaria de um equipamento - O secador, a torradeira, o pingar incessante de uma torneira - colapsam.
Só para chatear.. Fogo!
6§. As divagações
Afinal de contas são-nos tão necessárias.
Imprescindíveis, até!
Nos tempos que correm o João Ratão do nosso quotidiano sobreviviria
- Havendo Bimby em casa! - fazendo-nos felizes e até arranjaria a torneira ou um conflito se ocupasse o tempo a ver bola e beber minis.
Porque é que a tua narrativa suscitou este comentário.
Por esta razão simples.
Marca o aniversário dos 50 como uma meta que permite tudo:
Quimeras, fantasias e divagações;
Realismo de pensar que as emoções - Valendo imenso - também poderão atrapalhar.
A nossa memória valerá 100 anos se houver lucidez e a esperança de vida pode ser uma assédio ou flagelo das companhias de seguros ou, sendo Esperança (com maiúscula, o nome de uma amiga sincera...)
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Só agora cheguei! andei por aqui perdida neste turbilhão! uma coisa é certa tão depressa não bebo caipirinha...vês o que dá deixares de beber água e passar á caipirinha?
ResponderEliminarBjs
Simplesmente MAGNÍFICO!
ResponderEliminarBeijinho.
Gostei, mas de repente fiquei a pensar que, talvez, para ajudar a curar alguns dos meus males, tenha que juntar "à valise" dos meus remédios, uma caipirinha bem geladinha lol
ResponderEliminarBjos
A tradição já não é o que era. A moda é o "caipirão"(?):o)
ResponderEliminarMania de fazer publicidade ao que não presta!
Até já se acaba relações por sms...da mesma forma, que já não se escrevem cartas de amor como antigamente..."balha-nos deus e todos os santos populares".
E quanto a "palpitações no peito"...é melhor ficar por aqui pois estou em programa de Reabilitação Cardíaca.
Sem mais de momento, sou quem sabes
O Amigo do Nuorte;) fã incondicional deste cantinho.
Tudo de bom.
gostei. gosto de pasasr por aqui...já que de outra maneira ñ te ouço.
ResponderEliminarfica bem , até breve.
"Frondosa peta!..."
ResponderEliminare... em cuja sombra deslizam esvoaçantes corpos e almas num baile interminável!...
como "sonho numa noite de Verão"
sabes quanto aprecio teus "croquettes". raros... rss
beijos
Justine,
ResponderEliminarHá mesmo razões que superam o coração mas e depois?
Um abraço muito apertadinho
Há,
ResponderEliminarPassou factura, já é alguma coisa...rsrs... mas com os "cortes" não sei se vai dar para descontares no IRS.
Brindemos com caipiroska!... para afastar as avarias caseiras
Duarte,
ResponderEliminarIsto de um dia ser diferente do outro, é bom.
Graças a essa certeza, vai-se caminhando num "cai e levanta".
Pequenino pormenor: quando está tudo a correr bem não eram nada necessário dias diferentes, pois não?
Abraço
Senso,
ResponderEliminarTambém concordo, parte da barreira é psicológica na nossa vida (cinquenta, então soa a linha de fronteira..).
E tudo quanto sejam "atenções", venham lá com o formato que venham, dão asas.
Abraço
São,
ResponderEliminarDevidamente anotado.
Em breve serás notificada.
(rsrs)
Abraço zogia
Legível da minh'alma
ResponderEliminarNem tento responder-te à letra, que em rima não sai daqui nadinha.
Dir-te-ei que acertaste em cheio!...o Nokia... rs ... não é de última geração!
Essa de cantar a Portuguesa era fixe para encerrar o debate dos sábados do Clube do Baile das Letras (ai, que acho que não é bem este o nome). Que te parece?
Continuação de bom intervalo de férias com férias
Mil abraços e muitos mais sorrisos
Maria Teresa,
ResponderEliminarHá sempre um dia... eu quero acreditar que sim.
Ocasiões há em que me imponho acreditar.
Beijinho
Olá Carlos,
ResponderEliminarAgradecida pela sua simpatia.
Vinda de quem tem engenho e arte....
Augusto,
ResponderEliminarE assim a escala rebenta... faz pum!!!
(nem sei que te diga, nem sei que te conte, nem sei que te creia...rsrs
Olá JPD,
ResponderEliminarQuem primeiro? O ovo ou a galinha?
Quanto mais questionamos mais nos desgastamos, também há quem o defenda. Daí a posição ideal seria aceitar.
Eu, só sei que nada sei... e cada vez que ando mais para a frente, quando recuo é mais para trás.
Ó JPD, este meu comentário ao teu comentário está nostálgico e tão pouco bonsai, nem parece meu, pois não? (rs)
Abraço
Segura,
ResponderEliminarHá quem olhe os próprios pés por debaixo da mesa??????
Ai, tu nem me digas!!!
(e convida-me mas é para uma caipirinha que só bebi uma vez e já lá vão para aí uns 50 anos!)
Ná,
ResponderEliminarAgradecida.
Sobreviver implica um qualquer tipo de atitude. Nenhuma será fácil, parece-me
Beijinhos
Comentarista vindo do éter...
ResponderEliminarGrata pelo comentário. Pelo detalhe da análise. Pelo humor. Pela sapiência.
Diga lá, não era uma perda se o seu comentário ficasse só na minha caixa de correio?
Lilá(s)
ResponderEliminarVamos oferecer um GPS à Lila!!!!..rs
Bem, o que precisamos mesmo e muito é de ... FÉRIAS!!!!!!
Beijinhos
Meu Guru,
ResponderEliminarObrigado. Obrigado.
Mil abraços, mil beijos
Isa,
ResponderEliminarEstou certa, que o quer que seja que deixe uma criatura entre o alegre e o tonta em determinadas ocasiões é o melhor dos remédios!
Tchim..Tchim...
Bjinho
Aflores,
ResponderEliminarOra muito bemvindo....
Não seja por aí... Abaixo a caipirinha, acima o favaios!!!!!!! (tá melhor assim?..rs)
E claro, já nada é o que era, nem se resiste a comer um belo sorvete... ora, não, homem do nuorte???
Continuação de óptima recuperação e tudo a correr muito, muito bem
des-encantos,
ResponderEliminarE tu sabes quem acabei de ouvir, agora?
Se adivinhares há visita ao dos olhinhos em bico! (rsrs)
Obrigado pelo comentário/visita,fica bem também...até breve
Heretico,
ResponderEliminarFrondosa peta, é assim uma peta com frondosos ramos que abriga do calor da tórrida verdade.
(rsrs)
Sabes, isto não são mais que saudades ao chamar às mentiras, petas.
...."croquetes" agradecidos,
Beijo
Este texto fez-me lembrar as crónicas do Lobo Antunes.
ResponderEliminarBrilhante, querida amiga.
Para além disso acho que tens fôlego para muito mais.
Bom fim de semana.
Beijos.
aH, lembrar-me eu que na minha juventude nem um Nokiazinho havia para dizer a uma mulher que era a mulher da minha vida.
ResponderEliminarPor vezes nem cinco tostões para ir à cabine telefónica.
Também é verdade que por vezes lhes dizia isso e era uma grande aldrabice.
Mas gostei muito do que aqui li...
Ernesto, o avô
Querido amigo Nilson,
ResponderEliminarAi se eu tivesse dúvidas que tu és sempre de incentivo e afago...
Agradecida, eu
Abraço, assim grande, grande e boa semana
Avô,
ResponderEliminarAo olhar os teus olhos profundos, avô... nunca imaginei que mentisses às senhoras....
Avô, eras o homem da minha vida!
Avô, já não és!
Gostei que gostasses do texto.
Que se passou, zogia minha?
ResponderEliminar"Atão" eu vejo lá no meu estaminé o anúncio de "nadar, nadar" em resposta ao Carlos das "Crónicas do Rochedo", venho a correr a ver se ainda apanho alguns salpicos...e nada?!
Bons mergulhos!