Quem és tu para me julgar, lambisgóia?
Porventura, sabes que tropecei numa pedra e cai num ribeiro com remoinhos, enquanto tu andavas às violetas?
Bebi tinta da china, enquanto tu tinhas braços às voltas nos teus lindos ombros?
Hoje, apanhei um pombo de asa quebrada.
Enfiei-o entre a camisola e o peito.
Comi gomas no Chinês. E comprei um pacote de leite.
O tempo adoeceu-me.
Lambisgóia, tu não sabes nada de mim!!
[Mais ou menos um monólogo de:
Emília Guerreiro, uma sem abrigo
Praça da Ribeira, Lisboa
Sexta-feira, 29/10/2010, pela noite dentro…]

(imagem da net)
Mais um texto muito bom e que (me) comove!
ResponderEliminarMinha zoginha linda , ums serena noite para ti...e enão esqueças de atrasar o relógio uma hora.
A Emília em poucas palavras, disse mais, do que muitos... num discurso de horas.
ResponderEliminarBjos
Achas que a convences a ir para a assembleia da república?
ResponderEliminarpelo menos o discurso é mais coerente e sincero que os daqueles chulos.
Que monólogo!
ResponderEliminarBoa semana para ti.
E para mim também.
:)
Ao tempo que não lia, nem ouvia, este vocábulo "lambisgóia". Talvez porque lá por cima empregamos mais o "mexeriqueira".
ResponderEliminarVenho aqui, aprendo e desfruto. Um monologo assim perdura: quantas verdades em poucas palavras...
Adorei, mesmo muito bom.
Abraços de ternura, fruto da emoção.
Gostei da visita e gostei de conhecer aqui este espaço cheio de boa disposição e de sinceridade.
ResponderEliminarEsta linguagem é familiar daqui da minha aldeia e parecer ser também desses campos cheios de luz que corre vadia de liberdade.
Vou acompanhar o teu cantar.
Que inspiração! terá sido da ventania?
ResponderEliminarGostei, não adorei essa da "lambisgóia"...
Beijinhos
Quando o Públicou editou «A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo» de Max Weber, alguém escreveu que os Protestantes -- Lúcidos e práticos -- sabendo garantida a promessa do Céu, trataram da «Coisa» terrena, i é, do enriquecimento (A cupidez do dinheiro terá nascido no instante dessa tomada de consciência. Hélas!)
ResponderEliminarA curiosidade associada aquela ideia é o facto de, tanto Adam Smith em «A Riqueza das Nações», como Antero de Quental nas Conferências do Casino em «As Causas da Decadência dos Povos Peninsulares», como ainda Alexandre Herculkano e Oliveira Martins se terem preocupadop com a Riqueza e a Pobreza.
O fenómeno do acesso à riqueza de alguns e a questionável irremediável sina da pobreza de muitos, terem proporcionado tantos estudos e tantas soluções e, no entanto, ainda hoje parecem incapazes de resolver os desequilíbrios apontados.
Razões religiosas, políticas, de recursos naturais, demografia, continuam a determinar o flagelo da desigualdade de oportunidades.
Na actualidade, sabe-se que os três «Dês» -- Desemprego, Divórcio e Doença -- têm arrastado muito gente para a miséria.
Sabe-se tambem da pulsão consumista, do hedonismo, acima da produção de bens e serviços; conhece-se o peso da especulação no quotidiano das pessoas.
Afinal, até parece tão actual a Crise das Tulipas em Amesterdão em 1636.
A Gradiva reeditou «A Riqueza e a Pobreza das Nações» de David Landes onde as explicações apontadas para o fenómeno residirem numa interacção de factores culturais e de circunstâncias históricas.
O testemunho de pobreza e a postura recalcitrante da mulher que relatas nesta edição são veementes.
Esgotada, ela estaria no limite da resignação e tolerância.
Para o aperto que aí vem haverá oportunidade para comentar...
(Alonguei-me excessivamente... Aceita a promessa de contenção para a tua próxima edição, Magy.)
Saudações
Afinal, ninguém é perfeito e há muito que não ouvia a expressão "Lambisgóia"...
ResponderEliminarVerdade ou não também não é importante, afinal, só gosto dos meus quadros a preto e branco (lembrei-me agora).
Tudo de bom.
Oi Magy
ResponderEliminaressa expressão lembra uma coisinha bem coisinha nao é?bem lambisgoiazinha rsrs
daquelas que rastejam sempre por aí ...rsrs
ando viciada em monólogos Magy rs nao tanto parecidos assim , mas também simples assim, tipo o pombo da asa quebrada /apertá-lo bem junto ao peito , quase sufocá-lo rs
gosto da sua casa, volto
fica um abraço pra que sinta mais de mim
De facto que sabem as lambisgoias daquelas que "o tempo adoece", mas que apesar de tudo, ou por isso mesmo, são capazes de dar abrigo a um pombo de asa partida, aconchegando-o "entre a camisola e o peito"?
ResponderEliminarPara além da miséria e da pobreza há outras coisas. Ou, dizendo melhor, a pesar da miséria e da pobreza há outros valores.
um monólogo que me faz pensar como, em contraponto, podem ser pobres e isentas de poesia certas existências, apesar dos sinais de riqueza exterior.
ResponderEliminarmarradinhas afectuosas da bicharada e um abraço apertado da Humana
A miséria e a pobreza podem ter outros valores, valores muito elevados e bastante humanizados.
ResponderEliminarAchei o teu monólogo fabuloso.
ResponderEliminarMas na verdade não sei o que é "beber tinta da china"...
Acredites ou não, fui pesquisar à net com o google. E a única referência que vi, foi um comentário a uma foto que dizia:
- Parece é que andaste a dar de beber tinta da china às arvores para depois fotografa-las..=)
Será que dizer "bebi tinta da china" equivale a dizer "fiquei negra"?
Ontem à noite também bebi tinta da China no último quarto de hora do SLB... que aflição, para quem tinha esmagado até ali o adversário.
Até o guarda-redes voltou a enlouquecer... e o Jesus também ingeriu muita tinta da China...
Beijos, querida amiga.
..."um pombo de asa quebrada"!
ResponderEliminarassim eu. agora. neste nó na garganta.
"temos ouvidos e vemos..."
beijo
Zogia minha, agradeço que te desloques ao "são"
ResponderEliminarUm apertado abraço, linda
São,
ResponderEliminarSão situações que "mexem" e se mexem é porque dentro de nós existe mais que o "coitadinhos"
Um abraço
Olá Isa,
ResponderEliminarÉ uma questão do ouvinte. Até se pode inferir que a Emilia saberá mais, bem mais...
Beijinhos e bom fim de semana
Há,
ResponderEliminarO discurso dela peca é por ser desarticulado (o dos nossos deputados é?..rs) mas olha que creio que tem lá tudo da vida nua e crua de uma alma livre...
Caro Obs
ResponderEliminarBom fim de semana, para ti
Duarte,
ResponderEliminarE eu acho graça ao termo lambisgóia.
E gosto da capacidade da Emília chamar lambisgóia a uma fulana quando assim o entende!
Agradecida pelas tuas palavras
Aquele abraço
Olá Luis Coelho
ResponderEliminarE eu também gostei muito que viesses até aqui. Agradecida.
Volta!
Lilá(s)
ResponderEliminarDa ventania é certamente...
Porque não te percebi. Afinal "lambisgóia" - gostas, adoras, sim, não, nim??
Bom fim de semana... com chuvinha (ó yé!)
JPD,
ResponderEliminarDecreto que os teus alongamentos são sempre benvindos.
(... até aprendo)
Quebra a tua promessa de contenção, vá!
Abraço
Aflores,
ResponderEliminarConcluo, que hoje estou "ligeiramente nublada", o que provavelmente não te esclarece nada.
Pois... é assim sem entender, des-esclarecida
rsrs
Bom fim de semana e um abraço
Lis
ResponderEliminarCom que então, uma coisinha bem coisinha!?
Gostei!!!
Só tu mesmo para dar este condimento a uma palavra.
Virada para monólogos?... mas nos posts, é?...rs
Beijinhos e abraços verdes, amarelos e azul anil
Carapau,
ResponderEliminarAs lambisgóias não sabem abrigar NADA apertadinho no peito.
(carambas, carapau que isto do lado da "tinta da china" arranha...)
Idun,
ResponderEliminarHá gatinhas que pensam ou não houvesse uma Humana a envolvê-las... quiçá a dar-lhe um coração.
Cócegas na barriguita e Abraço com laço na Humana
Maria Teresa,
ResponderEliminarSe contabilizados entre ricos e pobres, será que nos surpreendíamos onde estavam em maior quantidade os valores humanos?
Eu, penso que não.
Beijinhos para si
Nilson,
ResponderEliminarSempre afável, tu.
Agora, desatinando (eu):
Beber tinta da china significa, sem tirar nem pôr, a sensação de um benfiquista no tal último quarto de hora do jogo com o Lyon... vivenciaste, verdadinha?
Beijo e Abraço tão grande
Herético,
ResponderEliminarE somos atentos, não é?
Pelas asas que não queremos quebradas, um abraço.
Bom fim de semana
Beijo
Palavras...resposta num monólogo sentido com a "diferença" da pobreza na sua grandeza que aquece o pombo, de asa quebrada, com a realeza nua de calor que aconchegue um coração.
ResponderEliminarbj...nho
A violência da realidade! A dureza da sobrevivência, mas também a ternura de saber ouvir!
ResponderEliminarMuito bom, MagyMay
"O tempo adoeceu-me"... como pode um poeta andar pelo tempo sem abrigo enquanto outros que se fingem de poetas mas não sabem emoldurar as palavras vivem com abrigo???
ResponderEliminarBoa noite Magy
ResponderEliminarA São deixou um desafio.
Aderi e deixei uma nota (breve Rsrsrsrs).
Como o mote foi desencadeado por ti, vai lá espreitar.
Bom-fim-de-semana.
As castanhas assadas estão excelentes, este ano.
Voltei
ResponderEliminarHeheheh como havias de entender! esqueci a virgula! repito:"Gostei, não, adorei essa da "lambisgóia"...
Agora responde outra vez SFF
Beijinhossssssssss
muito bom, merecia sair num livro.
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